Muitos livros nacionais, que apesar de clássicos, são maçantes. Eu sei e você sabe. Porém, outros nos fazem pensar: “Por que não tinha lido antes?”. E este livro, do negligenciado escritor: Lima Barreto, faz com que pensemos exatamente desta maneira.
Editora: Martin Claret
Páginas: 224
Ano de publicação original: 1911
Sinopse:
Policarpo Quaresma ama o Brasil. Ama porque é a terra mais fértil do mundo, porque tem a fauna e a flora mais lindas e exuberantes, porque é a cultura mais rica, a melhor comida, em variedade e sabores, porque possui as mulheres mais belas e, segundo ele, até mesmo… os melhores governantes. Funcionário público, fluente em tupi, estudioso da cultura indígena e grande apreciador das modinhas de violão ― para ele, o único estilo de música verdadeiramente nacional ―, Policarpo, como Dom Quixote de La Mancha, enfrenta moinhos de vento para provar a todos o seu ponto de vista, bradar ao mundo o amor por sua musa, não a Srta. Dulcineia de Toboso, mas a mui amada pátria brasileira. Mas, afinal, que fim poderia ter a aventura de Policarpo? Repleto de personagens fortes e carismáticos, o romance de Lima Barreto é, ao mesmo tempo, um ensaio sobre o idealismo, uma crítica profunda, mas permeada de comicidade, da realidade brasileira do fim do século XIX e início do XX e um retrato das mudanças pelas quais o Brasil passava naquele momento, como o despertar do feminismo. Lindo, inteligente, comovente! Um clássico da literatura nacional.
Policarpo Quaresma, conhecido como Major, é um patriota incorrigível. Procurando saber mais sobre as raízes brasileiras, cânticos folclóricos e, inclusive, aprendendo a língua Tupi, o simpático e vigoroso burocrata é um apaixonado por nossa terra tupiniquim. Todavia, muitos de seus colegas não o são e, ardilosamente, brincam com os nobres sentimentos de Quaresma, declinando algumas de suas ideias.
O Major passa por maus bocados por ser tão patriótico. Seus amigos, em grande parte, negligenciam ajuda, e seus ideias verdes e amarelos são pisados diariamente. Sua inconformidade com a sonolência do potencial brasileiro de ser uma grande potência mundial adentra a mente e coração do leitor, nos fazendo questionar: Era assim em 1910 ou é assim aqui em 2020?
Em meio a isto tudo, diversos personagens são apresentados, ganhando cada um o seu espaço para brilhar na tela pintada por Lima Barreto, que traz esperança e otimismo, ao mesmo tempo, tragédia e melancolia, mostrando como o nosso Brasil… É brasileiro. Apresentando as falácias da alta elite do Rio de Janeiro, retratando a mentira dos relacionamentos conjugais das mulheres e o egoísmo dos homens.
Apesar do período romântico que foi escrito, suas personagens têm fraquezas e dificuldades, tornando-os relacionáveis. Lima Barreto faz com que nos identifiquemos com seus personagens. Geralmente, pessoas mais velhas e mais simples, dão uma sabedoria bem quista, contracenando com a impulsividade dos mais jovens e as baboseiras dos funcionários públicos.
Lima Barreto faz o papel de um excelente escritor de distopia. Porém, ele faz isso numa história que não é distópica. O que mostra a genialidade do carioca que pinta um Brasil sonolento, medíocre, cultural, corrupto, egoísta e desejoso por utopias.